O Papa e as crianças
O Papa Francisco durante uma Audiência falou sobre as crianças:"Depois de ter passado em revista as diversas figuras da vida familiar — mãe, pai, filhos, irmãos e avós — gostaria de concluir esta primeira série de catequeses sobre a família, falando das crianças."
"As crianças recordam-nos que todos, nos primeiros anos de vida, somos totalmente dependentes dos cuidados e da benevolência dos outros. E o Filho de Deus não evitou esta passagem. É o mistério que contemplamos todos os anos, no Natal. (...) Mas é curioso: Deus não tem dificuldade de se fazer entender pelas crianças, e as crianças não têm problemas em compreender Deus. Não é por acaso que no Evangelho Jesus profere palavras muito bonitas e fortes sobre os «pequeninos». Este termo, «pequeninos», indica todas as pessoas que dependem da ajuda dos outros e, de modo especial, as crianças. Por exemplo, Jesus diz: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, revelando-as aos pequeninos» (Mt 11, 25). E acrescenta: «Guardai-vos de menosprezar um só destes pequeninos, porque Eu vos digo que os seus anjos no céu contemplam sem cessar a face do meu Pai que está nos céus» (Mt 18, 10).
Assim, as crianças são em si uma riqueza para a humanidade e também para a Igreja, porque nos chamam constantemente à condição necessária para entrar no Reino de Deus: a de não nos considerarmos auto-suficientes, mas necessitados de ajuda, de amor, de perdão. E todos nós precisamos de ajuda, de amor, de perdão!
As crianças recordam-nos mais uma bonita realidade; recordam-nos quesomos sempre filhos. (...) E isto recorda-nos sempre que a vida não no-la damos sozinhos, mas recebemo-la. O grande dom da vida é o primeiro presente que recebemos. Às vezes corremos o risco de viver esquecidos disto, como se nós fôssemos os senhores da nossa existência mas, ao contrário, somos radicalmente dependentes. Na realidade, é motivo de profunda alegria sentir que em todas as fases da vida, em cada situação e condição social, somos e permanecemos filhos. Esta é a mensagem principal que as crianças nos transmitem com a sua própria presença: só com a sua presença já nos recordam que cada um e todos somos filhos.
Mas há muitos dons e riquezas que as crianças oferecem à humanidade. Recordo apenas alguns deles.
Dão-lhe o seu modo de ver a realidade, com um olhar confiante e puro. A criança tem uma confiança espontânea no seu pai e na sua mãe; uma confiança espontânea em Deus, em Jesus, em Nossa Senhora. Ao mesmo tempo, o seu olhar interior é puro, ainda não poluído pela malícia, pelas ambiguidades, pelas «incrustações» da vida que endurecem o coração. Sabemos que até as crianças têm em si o pecado original, com os seus egoísmos, mas conservam uma pureza e uma simplicidade interior. E as crianças não são diplomáticas: dizem o que sentem, o que vêem, diretamente. E muitas vezes põem os pais em dificuldade, dizendo diante de outras pessoas: «Não gosto disto, isto é feio!». Mas as crianças dizem o que vêem, não são pessoas ambíguas, ainda não aprenderam a ciência da duplicidade que nós adultos, infelizmente, aprendemos.
Além disso, as crianças — na sua simplicidade interior — têm em si a capacidade de receber e dar ternura. Ternura significa ter um coração «de carne» e não «de pedra», como diz a Bíblia (cf. Ez 36, 26). A ternura é também poesia: é «sentir» as situações e os eventos, sem os tratar como meros objetos, só para os usar, porque servem...

Por todos estes motivos, Jesus convida os seus discípulos a «tornar-se como as crianças», pois é «a quantos são como elas que pertence o Reino de Deus» (cf. Mt 18, 3; Mc 10, 14)."
18 de março de 2015
O texto completo desta catequese está disponível em:
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